quarta-feira, 13 de outubro de 2010

"A igreja precisa estar no meio dos jovens.", diz Bispo.

Dom Eduardo e Dom Altiere
"Queremos estar com os jovens, falar a linguagem dos jovens, nos aproximar deles, mas devemos levar alguma coisa para ajuda- los a crescer."
                       "É preciso estar no meio dos jovens para entendê-los"

Em entrevista coletiva para os departamentos de mídia da Canção Nova, o Bispo Auxiliar de Campo Grande (MS), responsável pelo Setor Juventude da CNBB, Dom Eduardo Pinheiro, SDB, junto com Dom Antônio Carlos Altiere, SDB, Bispo de Caraguatatuba (SP) e responsável pelo Setor Juventude do Vale do Paraíba, falaram sobre os desafios da evangelização no ano em que a ONU anuncia "O Ano Internacional da Juventude" e também da possibilidade de o Brasil sediar a Jornada Mundial da Juventude de 2014.

Cancaonova.com: Qual seria o primeiro passo em relação àqueles jovens que ainda não tiveram um envolvimento direto com realidades religiosas?

Dom Altiere: Penso que o maior testemunho de Deus foi enviar seu Filho, que se encarnou em nosso meio. Portanto, a proposta mais eficaz deve partir deste exemplo: a nossa inserção, a presença, a aproximação, de deixarmos nosso lugar, a nossa experiência, a visão das coisas e estar próximo dos jovens. Este é o primeiro passo para cativá-los, para poder penetrar no seu mundo com nossa linguagem e que possam nos entender e perceber a mensagem que queremos trazer, sabendo que nem sempre o êxito acontece. O próprio Jesus nos trouxe a riqueza da Salvação,  mas não foi entendido por todos, então nos deixou a missão de  continuarmos tentando semeá-la. A primeira atitude concreta é ir ao encontro, a estar no meio.

Dom Eduardo: Percebemos, no Evangelho, que nos narra sobre os discípulos de Emaús, uma orientação com referência a isso. Mesmo sendo os discípulos de Jesus, pessoas que estavam acreditando na proposta de d'Ele, houve momentos de crise, de dúvidas e angústias. Jesus chega nesta atitude de aproximação, de entender a sua realidade, as suas angústias, as dúvidas e os seus medos. Esse é um procedimento eficaz que dá certo, ou seja, entrar no mundo do jovem e entender quais são as suas perguntas e não se assustar com elas ainda que pareça um absurdo para nós adultos.
A atitude de Jesus Cristo é a aproximação e não só de conhecimento, pois este sabia o que se passava no coração desses discípulos desanimados. O fato de querer conhecer a vida dos jovens, os seus problemas e angústias, já revela em si o fato de se aproximar. Um carinho, uma atenção toda especial que faz o jovem acreditar na nossa proposta, na nossa presença, confiando em nós enquanto pessoas enviadas por Deus para ajudá-los, para auxiliá-los, animá-los e fazer com que o projeto de Jesus Cristo seja conhecido, acolhido, amado e vivenciado.
cancaonova.com: A ONU (Organização das Nações Unidas) declarou ser este ano o "Ano Internacional da Juventude". Qual o papel do jovem na Igreja?

Dom Eduardo: Essa notícia é algo muito recente. Já começando o ano soubemos desta proclamação da ONU e não podemos ficar de fora por vários motivos. Primeiro, porque a juventude é uma parcela muito querida pela Igreja. Podemos até não saber o que fazer com ela, junto com ela mas, é uma parcela muito querida. Escrevemos um artigo, e mandei em nome da CNBB um comunicado aos Bispos do Brasil, dizendo que aproveitem esse momento que também a sociedade e o mundo está proclamando como um momento especial de olharmos de um modo unico para os jovens e entender , se aproximar, criar um laço mais forte, tanto que o tema é: 'dialogo e entendimento mutuo'. A sociedade está percebendo este distanciamento, pois são dois grandes distanciamentos: O distanciamento da juventude com relação ao mundo adulto. Há uma linguagem nova que nós adultos não estamos entendendo, conectando, é preciso então ter esse diálogo, paciência em todos os setores sociais, eclesiais e a relação humana. Outro distanciamento é o dialogo dos jovens com a realidade do mundo. Alguns elementos que a ONU chama a atenção dentro deste ano é com a relação às problemáticas do mundo, tanto dos problemas ecológicos como também a miséria, o sofrimento e a violência. Como o jovem dialoga com esta realidade agressiva, que no fundo trás uma vontade de fugir. A problemática da droga, por exemplo, que é uma maneira de fugir desta realidade que é gritante e que exige um posicionamento. Este 'Ano Internacional' é algo muito interessante, acreditamos que se levado a sério toda a Igreja pode crescer. Este comunicado é que principalmente a Igreja, os adultos da igreja, os leigos, clero, religiosos se aproximem dos jovens e os jovens não tenham medo, se aproximem dos adultos e assim criemos uma unidade maior.

Dom Altiere: A ONU fala para o mundo em geral e para a sociedade, mas penso que para a Igreja tem um aspecto muito particular, pois a juventude é o rosto da Igreja. A Igreja que tem a presença do Espírito Santo e do Cristo ressuscitado, que vive para sempre, que não envelhece. Tem 2 mil anos na contagem humana e na sua historia, mas a Igreja tem uma dimensão sobrenatural e de eternidade. Se qualquer grupo social se preocupa com a juventude, porque é uma certeza de qualidade para o futuro de um país, a Igreja com maior razão deve manter a vivacidade, a criatividade da própria vida nova, de quem nasce no tempo novo, de quem esta sintonizado com o momento histórico. Tanto com a tecnologia, como as crianças que já nascem com a habilidade, uma sintonia com esta linguagem que nós adultos vamos mais devagar. Por isso a Igreja precisa da juventude para ser esta novidade e ter o frescor da boa nova.
cancaonova.com: Quais as possibilidades de a Jornada Mundial da Juventude ser no Brasil?

Dom Eduardo: As possibilidades são muito grandes. Desde 2007, quando em nome da CNBB, eu pedi ao Papa que ela fosse realizada no Brasil, porque todos viram a manifestação de alegria do Santo Padre quando ele esteve naquele encontro com a juventude no Estádio do Pacaembu, e desde aquela época, a CNBB tem enviado relatórios. Existem duas cidades que se pronunciaram que são: Belo Horizonte( MG) e Rio de Janeiro (RJ) e nós temos aí a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, então há possibilidade de a Jornada ser aí no meio desses dois grandes eventos. Nós estamos aí acompanhando e acreditamos que tem tudo para dar certo aqui no Brasil, nós precisamos agora acreditar e rezar para que tudo dê certo e já nos envolver neste ambiente de Jornada Mundial da Juventude. Nós vamos ter  no ano que vem (2011) a Jornada Mundial da Juventude em Madri, e não é complicado ir a Madri. Talvez nós brasileiros não tenhamos ainda este hábito de ir para o exterior, mesmo porque as questões financeiras pesam bastante, mas não é impossível, porque hoje existem várias facilitações e se a gente se organizar e se planejar a gente consegue realizar o sonho, e eu acho que vai ser muito importante e significativo nós termos um bom número da juventude brasileira lá, porque é no penúltimo dia que o Papa anuncia oficialmente onde será a próxima Jornada. Estamos torcendo e temos a certeza de que Deus vai fazer a vontade d'Ele e a gente vai investir neste evento tão importante para a vida da Igreja, para a sociedade e para a juventude em geral.

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